Hoje em dia a realidade do ser humano é voltada para o mundo virtual. Quase todos possuem seu smartphone e ficam conectados 24 horas por dia e muitas crianças não fogem a essa regra. É quase inevitável deixar que elas tenham acesso a esse tipo de tecnologia, bem como à televisão e ao computador, e com a dinâmica agitada da família moderna é compreensível que acabem utilizando tais tecnologias como entretenimento.
É certo que, se usada com cautela e parcimônia, a tecnologia pode ser grande aliada no processo educativo, porém devemos ficar atentos para que o uso desta ferramenta não acabe prejudicando o desenvolvimento dos pequenos. Segundo o artigo “Time for a view on screen time”, publicado recentemente no periódico britânico Archives of Disease in Childhood, quanto mais cedo a criança for exposta às telas de aparelhos eletrônicos maiores serão as chances de ela desenvolver transtornos como déficit de atenção, além de possíveis transtornos oftalmológicos e alterações no sono.
O autor também se refere a outras consequências de cunho fisiológico que a exposição às telas pode causar, como a obesidade, doenças cardiovasculares e diabetes. Com a exposição excessiva às telas estas doenças têm grandes chances de se desenvolverem independente de o indivíduo ser sedentário ou não.
O contato prolongado com celulares e televisores pode levar a criança ao isolamento social, ou restringir suas interações a pessoas que compartilham do interesse pelos mesmos programas e jogos. O contato social fica mediado pelo que ela vivencia nessas mídias,
o que pode resultar no estabelecimento de vínculos frágeis ou pouco significativos. É importante que as crianças tenham experiências de socialização ricas e profundas para poderem construir de maneira ampla sua identidade, sua personalidade, uma vez que o contato com o outro impõe a elas a descoberta de seus próprios limites.
Também é importante lembrar que quando a criança está entretida com o computador ou televisão ela não acaba não se movimentando, ou o faz de maneira restrita e inconsciente. Isso tende a criar indivíduos sedentários, além de prejudicar o desenvolvimento motor. Até os 7 anos a criança está desenvolvendo suas capacidades motoras básicas, e para que isso aconteça de forma plena é preciso que ela experimente e desafie seus limites no mundo real e não no virtual.
Não é necessário vetar o uso da tecnologia, mas é importante minimizar os abusos e garantir que as crianças sejam expostas a situações de brincadeira e entretenimento mais variadas e ricas, como jogos e brinquedos educativos em que possam interagir e criar – blocos de montar, quebra-cabeças e jogos de tabuleiros, por exemplo –, bonecos (que não sejam dos personagens da TV!!!) e animais. As brincadeiras ao ar livre e o contato com a natureza também têm sido mencionados como grandes aliados de um bom desenvolvimento, além de serem muito prazerosos para todos!

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