Na escola muitas vezes as crianças chegam contando que a mãe vai ter um bebê, que no final do dia irão à casa de algum amigo, ou até contam história de machucados e brigas e depois descobrimos que nada disso é verdade.
Da mesma forma, as crianças surpreendem os pais em casa com histórias sobre a escola, o parque e outros momentos que os pais até presenciaram.
Essas histórias mirabolantes, fantásticas, ou que não são confirmadas pelos adultos ao redor são muito comuns e presentes na vida de todas as crianças.
A primeira reação dos pais de crianças de 3 a 5 anos é pensar: “Mas meu filho não mente… Ele não é disso… O que ele ganharia me contando isso, não faz sentido, só pode ser verdade!”
As educadoras, que conhecem um pouco mais sobre o desenvolvimento infantil, costumam identificar as histórias fantasiosas e as verdadeiras com mais facilidade. Para os pais ficam as dicas:

  • Na maioria das vezes as crianças não mentem com a intenção de enganar, dissimular ou tirar vantagem.
  • Muitas vezes as crianças confundem a realidade com a fantasia e por isso contam histórias que não são verdadeiras ou precisas.
  • A mentira não deve ser supervalorizada até os 5 anos, pois as crianças não têm intenção de prejudicar ninguém.
  • Algumas vezes as crianças confundem fantasia e realidade, podendo até acreditar que um sonho realmente aconteceu por exemplo.
  • As crianças imitam o comportamento dos adultos. Quando os pais não querem atender uma ligação e dizem “Fale que estou no banho”, a criança observa isso e entende como um comportamento aceitável.

Abaixo um texto com exemplos reais de como essas mentiras podem acontecer ou clique aqui para ler outro texto da revista Crescer escrito por Carla Campos e Cristiane Rogerio que discorre sobre a mentira no universo infantil.

“Criança mentir até os 5 anos de idade é normal, mas os pais não devem fingir que acreditam”
Redação Crescer
Débora, 4 anos, disse para a colega de escola que viajaria para o mesmo lugar que ela durante as férias. “Quando os pais da menina vieram me perguntar que dia iríamos, fiquei até sem graça”, conta a mãe, a advogada carioca Alessandra Teixeira. “Acho que minha filha não queria ficar longe da amiga, e colocou na cabeça que passariam as férias juntas.” Marina, 6 anos, contou para a mãe que uma colega da escola morava numa casa imensa e tinha um cachorro pit bull. “Encontrei a família e, quando comentei o fato, não era nada daquilo: moravam num apartamento e tinham um cachorrinho poodle”, conta Maristela Garmes, de São Paulo. A filha não só inventa como quer a cumplicidade da mãe. “Outro dia pediu que eu confirmasse umas histórias que tinha contado para a amiga: que ela já ficava totalmente sozinha em casa, quando eu saía. E também que tínhamos três cachorros, quando temos um”, lembra Maristela, que não entra nas fantasias da filha. “Não posso ser cúmplice. Já pensou? Seríamos uma quadrilha!”, brinca Maristela.
  • Quase brincadeira
Os pais não devem mesmo assumir para si as fantasias do filho. “Não é preciso punir, pois essa mentira é quase uma brincadeira, não tem o valor da falsidade, como no mundo adulto”, diz a psicóloga Isabel Figueira de Melo Linares, orientadora de pré-escola. “A gente deve ouvir o relato da criança e depois sempre chamá-la para a realidade.
Na escola, as próprias crianças fazem isso. Uma conta que foi no parque e viu um dragão. A outra retruca que ela não viu, porque dragão não existe”, conta Isabel. Além de distorcer os fatos para adaptar a realidade ao seu desejo, a criança pode mentir para escapar de situações que não lhe agradam. “Ela ainda está aprendendo a lidar com frustrações ou tem medo de levar bronca. Sempre que possível, os pais devem dizer que não deixarão de gostar do filho se ele assumir que fez algo errado. Sem ameaças, a criança se sente segura para dizer sempre a verdade”, diz a psicóloga e diretora de escola Nivea Fabrício.
  • Exageros persistentes
Até os 5 anos, seu filho pode não diferenciar claramente um engano intencional das distorções da realidade que costuma criar no seu jogo de faz-de-conta. Mas é importante que os pais estejam atentos a essa distinção, porque a mentira muito persistente pode ser um sinal de que a criança está aflita, querendo fugir de uma determinada realidade que a faz sofrer. Quando isso acontece, é preciso descobrir o motivo. Pode ser um momento difícil na família ou na escola. Se necessário, os pais devem procurar orientação com um psicólogo.