Uma das tarefas mais difíceis para os pais é impor limites aos filhos. Mesmo estando de acordo sobre a importância desta tarefa, muitos pais variam entre muito rigorosos e excessivamente liberais. Vamos apresentar aqui algumas
propostas para estabelecer limites.

Capacidade de espera
Os limites são bons para fortalecer a capacidade de espera dos filhos. Quando nascem, os bebês querem que suas vontades sejam atendidas imediatamente, e os pais fazem de tudo para atendê-los.
À medida que cresce, a criança aprende a esperar por meio da socialização, além de ter acesso a substitutos para os objetos primários de satisfação, como a chupeta, por exemplo, que substitui o seio materno.
Quanto maior a capacidade de espera, mais complexos se tornam esses substitutos. Uma criança pode se acalmar e esperar quando falamos, cantamos ou contamos uma história.

Os limites ensinam a criança a adiar seus desejos. Eles a preparam para situações parecidas que irá enfrentar ao longo da vida.

Tolerância à frustração
É imprescindível que a criança entenda que os pais às vezes dizem “não”, e que não há como mudar tal decisão. A frustração que isso gera é inevitável, mas é importante aprender a lidar e conviver com esse sentimento porque são as regras, precisamente, que lhe darão segurança e ensinarão a confiar em um critério sólido. Se uma criança for mais forte que os pais, não vai se sentir protegida por eles.
Se fizer birra ou ficar irritada, é possível distraí-la ou acalmá-la com um abraço, mas nunca faça de conta que não está percebendo o que está acontecendo. Depois que tudo estiver tranquilo novamente, é importante conversar. Isso fará com que a criança aprenda com a experiência.

Entre a explicação e a rotina
O ponto de partida para impor um limite é explicar o porquê dessa imposição. Se o filho compreende o motivo da criação de uma regra ficará mais predisposto a obedecê-la. Isso também o ajudará a construir uma consciência própria de que valores de comportamento são importantes. Na hora de dar uma explicação é importante ser direto para não distrair a criança com rodeios desnecessários. É só dizer: “Empreste os seus brinquedos, porque assim seus amiguinhos também vão emprestar os deles para você”.
Depois de imposto, é imprescindível que o limite seja sempre respeitado. Cada vez que surgir uma situação que exija a regra imposta, é importante ressaltá-la. Desse jeito não sobra espaço para a resistência ou a negociação e ela se tornará um hábito. Principalmente se a regra é uma rotina familiar, como a hora de ir para a cama.

Por que insistem em desobedecer?
Fazer com que seu filho aprenda a se comportar é uma tarefa muito difícil. Se ele insiste em desobedecer é sempre bom analisar, primeiro, se está realmente entendendo as regras. Muitas vezes parece que nos expressamos claramente, mas, na verdade, nosso filho não entende exatamente o que dizemos ou como fazemos alguma coisa. Também é possível que algo esteja atrapalhando a paz familiar: o nascimento de outro filho, instabilidade no trabalho, mudança de casa ou de escola, doenças ou divórcio. É provável que a desobediência seja a maneira que o filho encontra de mostrar que não está feliz com uma nova situação.
Por último, essa desobediência pode ser uma maneira de pedir carinho. Se os pais parecem bravos e inflexíveis quando impõem um limite, é possível que a criança pense que não é querida. Daí a importância de demonstrar firmeza sem perder o afeto.

O que fazer com os castigos e os prêmios?
Os castigos devem ser usados para corrigir uma atitude. Estes podem ser a privação de algo que tenha relação com o que a criança está fazendo. Por exemplo: “Se você tirar o tênis para brincar no parque nós vamos voltar para casa”. É importante que isso seja dito logo depois que a criança apresente o mau comportamento para que ela possa estabelecer rapidamente uma associação.
Muitos pais usam prêmios para fazer com que os filhos sigam as regras. É importante ter cuidado para evitar o abuso dessa estratégia. A criança pode se acostumar rapidamente a negociar o prêmio, esquecendo que a verdadeira função de uma regra é fazer o melhor para ela e para as outras pessoas.

Respeito aos adultos
É importante ensinar os filhos a respeitar os adultos. Para isso, deve-se partir do princípio de que devem respeitar outros adultos como respeitam os pais. Esse comportamento nasce do amor e do respeito que demonstramos. Não podemos esperar que uma criança seja atenta e educada com a mãe se ela fala palavras feias, grita, diz mentiras ou bate no filho. Lembrem-se que os filhos aprendem o que vêem.
Não é preciso esperar que eles cresçam para serem educados nesse sentido. Trata-se de uma aprendizagem que começa no nascimento e se desenvolve por toda a infância. O mais importante é dar o exemplo.

Relação entre a família e a escola
A responsabilidade de educar um filho é muito grande. Essa educação oferece às crianças condições de se integrar ao mundo e à cultura com respeito e tolerância.
Essa tarefa não pode ser atribuída à escola. Os pais precisam assumir o compromisso de ensinar os filhos a se comportar. Quantas vezes ouvimos pessoas dizerem: “Na escola ele é um anjo, mas em casa é desobediente”.
A obrigação de ensinar a se comportar não é exclusivamente da escola. Se isso é bem aplicado na escola, também precisa ser bem aplicado em casa. Se na creche a criança come sentada e espera sua vez para falar, precisa ter o mesmo comportamento em casa.
A relação entre a família e a escola precisa ser fluente e presente. Se não for assim, será difícil a criança adotar bons hábitos e haverá espaço para a criação de conflitos de autoridade.

(Artigo publicado em http://discoverykidsbrasil.uol.com.br/pais/artigos/sugestoes-na-hora-de-impor-limites/)