A chupeta é usada há séculos pela capacidade que tem de acalmar os bebês por meio da sucção não nutritiva e da liberação de hormônios de bem-estar. Duas pesquisas recentes, uma feita na Argentina e outra na Dinamarca, trazem uma boa notícia para famílias adeptas do acessório: elas sugerem que o bico não prejudica o aleitamento desde que seja oferecido quando a amamentação já está bem estabelecida, entre 15 e 30 dias de vida da criança.

Mas isso não significa que o uso está liberado para os maiorzinhos. Para que seus benefícios compensem os efeitos negativos, é preciso tomar certos cuidados. A chupeta só deve ser usada para acalmar o bebê em casos de dor e para induzir o sono, por curtos períodos. “Quando está desperta, a criança não precisa da chupeta, não é saudável. O bom é usar para relaxá-la ou fazê-la dormir quando está ansiosa ou agitada”, afirma o pediatra Victor Nudelman, do hospital Albert Einstein.

É recomendada também para bebês que nascem com o hábito de sugar o dedo ou que o adquirem nas primeiras semanas, porque ajuda a remover esse costume, mais nocivo. Nas crianças nascidas antes da 32ª semana de gestação, pode ser indicada para auxiliar no aprendizado da sucção.
O uso contínuo provoca abaixamento da língua, deglutição atípica, alteração nas bases ósseas dentárias e da boca, além de favorecer a respiração bucal e promover alterações na fala. (RACHEL BOTELHO)

PARA QUE SERVE A CHUPETA?
Para acalmar, relaxar, ajudar a dormir, desenvolver a sucção.

O PRENDEDOR DEVE SER USADO?
Não. Porque a chupeta não deve estar disponível o tempo todo, já que isso estimula seu uso. Além disso, o prendedor de metal pode ferir o bebê e o de pano acumula sujeira com facilidade.

NA ESCOLA, SEU USO DEVE SER PERMITIDO OU PROIBIDO?
Nem uma coisa nem outra! A chupeta pode ser uma grande aliada no momento de adaptação das crianças, já que elas estão em um ambiente novo, com pessoas desconhecidas e sem a companhia dos pais ou pessoas mais íntimas. Mas ela também pode atrapalhar muito o desenvolvimento da criança e de seus colegas, uma vez que a chupeta vira o centro das atenções e objeto de desejo de todos em volta.

O ideal é a família estabelecer algumas regrinhas, porém sem criar rotinas para o uso da chupeta:

  • A chupeta deve ser uma companheira para ajudar a dormir, então vale deixar uma na escola para a hora da soneca, mas se a criança não pedir, melhor ainda!
  • Enquanto acordada, a criança pode destinar sua atenção a centenas de outras possibilidades que agregarão muito mais valor à sua vida. Além disso, sem a chupeta na boca, a atenção não precisa ser dividida e ela pode se entregar totalmente a uma atividade ou brincadeira.
  • Os amigos que já estão adaptados, quando vêem alguém de chupeta, logo questionam, apontam e demonstram desejo em ter suas chupetas também. Isso faz com que todos percam o interesse nas brincadeiras e atividades que estão acontecendo, pois estão preocupados com a satisfação de chupar a chupeta. E como uma coisa leva à outra, todos logo estarão com muita saudade da mamãe!
  • A chupeta não deve ser recompensa para outras coisas.

QUANDO ELIMINAR O HÁBITO?
Até os dois anos de idade, problemas como a mordida aberta ainda podem ser revertidos, mas o ideal é tirar a chupeta o quanto antes.
COMO TIRAR SEM TRAUMAS?
É importante os pais estarem seguros da decisão, pois a criança percebe quando a mãe está vacilante ou há discordância entre o casal. Primeiro, deve-se limitar os horários e eliminar o hábito durante o dia. Depois, deve-se preparar a criança para a separação definitiva, determinando um prazo para a retirada do bico. Uma boa estratégia é entregar a chupeta a um personagem, como o coelho da Páscoa ou o Papai Noel, em troca de um brinquedinho mais adequado à faixa etária da criança – a ser entregue quatro ou cinco dias depois. Outro argumento que pode funcionar é o estético: elas já entendem que dentes tortos não são bonitos. Quando o uso é restrito e os pais estão convictos, a retirada costuma ser fácil.